Já estamos preparados:
Os discursos do costume com as caras enfastiadas do costume, "que bom que é ter a Liberdade", "Somos livres" (somos mesmo?), os fogos de artifício, as musiquinhas, os mega-concertos (não se pode pagar aos artistas, se querem actuem em favor da causa que o país está de tanga), as entrevistas com o guião de há 30 anos, toda a gente fingindo que o tema interessa muito, etc, etc.
Venha lá isso tudo que a malta engole com cara de quem está muito agradecido, que a liberdade veio e ficou (até parece!) e não se sumiu para outras paragens.
Começo a crer que a Liberdade, os Direitos Humanos, e conceitos afins passam pelos locais tentando ficar, pedindo asilo. Mas não o encontra facilmente e tem que partir... procurar guarida noutros lugares.
Para encurtar mais um discurso sobre o 25 de Abril, há que ser positivo: somos livres para morrer de fome, de doença, de carências várias. Falar... tomar posições, reivindicar... pois.. já é outro departamento, há que ter muito cuidado ou toda a família e amigos podem sofrer represálias.
Encurtando mais ainda: porquê o Salgueiro Maia? Porque foi quem "segurou a barraca quando ela estava a abanar" e nunca foi de protagonismos e holofotes. Todas as grandes mudanças têm uma cara... e supostamente a história devia guardar a memória.
Encolhendo mais ainda: pergunte-se a um aluno de 2º ciclo o que foi o 25 de Abril. Talvez como resposta se obtenha um espantado "Hã?"
O tempo não não perdoa, nem nós!
Bem hajam os que o fizeram, aventurados os que viveram, porque agora... apenas sombras vagas e discursos opacos.
Pelo Bloco de Esquerda de Grândola
Josefina Batista