JUNTAR FORÇAS POR GRÂNDOLA

Dezembro 12 2010

 

Mais uma vez a Aldeia Mineira do Lousal é notícia e motivo de reflexão. Desta feita foi a inauguração de uma rua nomeada de Padre Pedro.

Nem aquilo é rua ( é um barranco) nem o padre se chamava Pedro, chamava-se Peter e era holandês.

Pelo que foi, que fez e representou para a população merecia bem melhor, o Padre Peter.

Vindo nos anos 50 para a localidade, foi sempre uma fonte de apoio (não estamos a louvar a profissão mas sim o Homem), solidariedade, promoveu o desporto, a cultura, ocupou os jovens com o núcleo de escoteiros, entre tantas outras coisas que se perdem na memória.

A Rua do padre Pedro é como as outras, mas mais pequena, fica num bairro antigamente chamado Barranquinho, não é pavimentada como nenhuma dos bairros dos trabalhadores.

Vieram as individualidades, os "personagens destas "paradas" político-sociais, a encenação costumeira e veio também aquele travo amargo da descrença.

Pensamos que será mais um passo no arranque da campanha eleitoral que se avizinha e pouco mais, até porque do Padre Pedro ninguém tinha muito a acrescentar e quem com ele privou não foi chamado a pronunciar-se sobre o assunto. Foi mais para despachar agenda e vamos à festa seguinte.

Na verdade, este é um Concelho em permanente festa e mutação. Sistematicamente descaracterizado, o que me leva a pensar que existe na cabeça das autoridades pensantes uma certa confusão entre progresso e inovação. Progredir não significa apagar os traços ancestrais, signica apenas avançar. Mas avence-se não destruindo o que nos foi legado.

E de festa em festa, o conselho descarecteriza-se. Os paradoxos gritam tanto ao ponto de nos ensurdecer.

Pegando neste nada e tudo singelo evento, não compreendo como é que a mais pobre Aldeia do Concelho seja ao mesmo tempo a mais rica. Do Projecto Relousal nada resta. Os antigos mineiros cada vez mais relegados a pequenos guettos sem quaisquer condições aceitaveis nos dias de hoje e por outro lado, um imenso complexo turístico em pleno desenvolvimento, não se sabe bem como, em pleno PEC IV.

Pensando, pensando sobre o assunto, este novo Lousal não é para Lousalenses, para outros será certamente. Ao que lhe compete, a CMG diz Nada. Às pessoas que realmente trabalham para o desenvolvimento dessa miragem, Relousal, nada diz também.

Na sede do Concelho, sucedem-se as mudanças a ritmo galopante e a toque de festa permanente que me deixam siderada. Visto por outro prisma, diria que se trata de um caso psiquiátrico, de uma vingança ao estilo: Após a minha passagem não fica pedra sobre pedra. Mas porquê???  Porquê esta azafma, esta correria, este sem fim de inaugurações e festvidades? Como? Que orçamento segurará estas danças de salão? De onde vem?

O antigo Jardim das Laranjeiras fica com o velho coreto. A maquete exposta mostra o "progresso". Temos rotundas que empatam o trânsito, espelhos de água, árvores plantadas e arrancadas a eito, temos tudo! Isto é, aparece tudo, nós, o indígena, na verdade não tem nada.

O estranho da questão é que parece que tudo gravita à volta de uma Mina morta... Fundações, turismos... migrações.

Mais um estranho caso Maria Antonieta: o povo não tem pão? Pois que coma bolos!

Não percebo como podem estar tão seguros de si mesmos que a cada passo ponham, impunemente, a cabeça no cepo.

Este artigo parece difuso, mal amanhado mas é apenas uma introdução ao tema. E este tema é duro, é chato, é inoportuno, inconveniente, mas... tão URGENTE!

Fechamos os olhos tempo demais a um simples facto: uma Fundação candidata-se a dinheiros públicos para os levar para onde? Para onde se queira. Quem dirige a Fundação? Porque assistimos a coisas megalómanas em plena crise? Padre porque não se empregam esses dinheiros para se criar empregos para uma classe que nem é média nem alta, mas que precisa de viver e produzir para que outros possam gastar? Porque não pensam neles, em último caso? É que se toda a gente ficar desempregada, quem vai trabalhar para eles? Quem poderá pagar impostos, neste "reino da Dinamarca" onde já tresanda a podre?

Padre Pedro Martinho, o senhor merecia MUITO MAIS E MELHOR!

 

Padre eu, pecadora me confesso. Nem o Bispo de Beja nem o Papa me convencem de que as coisas são mesmo assim.

 

 

Pela Concelhia do Bloco de Esquerda em Grândola,

 

Josefina Batista

 

publicado por Bloco Grandola às 23:22

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